Tão inesperadamente.
Não se pôde dar o último beijo, nem o último abraço, muito
menos dizer as últimas palavras. Palavras que expressassem a importância da
existência e a alegria que trazia.
Mesmo quando a notícia já é encaminhada, ainda sim é difícil
dar “o último”. A sensação de satisfação, de paz, não chega.
Já se foi. Já passou. Agora o tempo vai amolecendo o coração
de novo. Deixará escondida a dor e secará, por hora, as lágrimas. Mas não fará
curar.
O coração voltará a se pressionar contra a alma, a garganta
voltará a secar e o silêncio gritará ao seu redor. As lembranças boas e ruins
voltarão sempre que se sentirem apagadas. Mas isso a maioria das pessoas já
sabe ou espera que esse processo se dê assim mesmo. Não é uma novidade.
Talvez não existam palavras suficientemente acolhedoras para
se dizer a alguém que teve uma perda grande. Posso imaginar, mas não sinto sua
dor no momento. Não vivi sua relação com quem acabou de ir.
Palavras de conformismo acolhem mais do que
palavras de “compreenderismo”.
“Calma... vai passar. Estou
aqui... com você.” Te faz aceitar mais.
E o que responder a um pequeno de sete anos que, com uma
ingenuidade que dá inveja, pergunta à mãe quando soube que se pai se foi: “Será
que se eu ligar no celular dele, ele atende?” Nesse dia, o pequeno deu um passo
em direção à realidade.
É tão simples e tão complicado.
De alguma forma, todos são imortais. Alguns são lembrados
com carinho, outros não. Ainda sim são lembrados. Continuamos vivendo nas
outras pessoas, em suas memórias. Continuamos vivendo nas histórias que
protagonizamos, nas conquistas que fizemos e nas pessoas que amamos. Pessoas
que cuidamos.
Dizer que ama alguém é mais importante do que conseguimos
enxergar. Não perca tempo e nem economize palavras carinhosas. Talvez isso
aproxime a satisfação e a paz quando nossos queridos estiverem de malas
prontas...
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