segunda-feira, 15 de abril de 2013

A Viagem


Tão inesperadamente.

Não se pôde dar o último beijo, nem o último abraço, muito menos dizer as últimas palavras. Palavras que expressassem a importância da existência e a alegria que trazia.

Mesmo quando a notícia já é encaminhada, ainda sim é difícil dar “o último”. A sensação de satisfação, de paz, não chega.

Já se foi. Já passou. Agora o tempo vai amolecendo o coração de novo. Deixará escondida a dor e secará, por hora, as lágrimas. Mas não fará curar.

O coração voltará a se pressionar contra a alma, a garganta voltará a secar e o silêncio gritará ao seu redor. As lembranças boas e ruins voltarão sempre que se sentirem apagadas. Mas isso a maioria das pessoas já sabe ou espera que esse processo se dê assim mesmo. Não é uma novidade.

Talvez não existam palavras suficientemente acolhedoras para se dizer a alguém que teve uma perda grande. Posso imaginar, mas não sinto sua dor no momento. Não vivi sua relação com quem acabou de ir.

 Palavras de conformismo acolhem mais do que palavras de “compreenderismo”.

“Calma... vai passar. Estou aqui... com você.” Te faz aceitar mais.

E o que responder a um pequeno de sete anos que, com uma ingenuidade que dá inveja, pergunta à mãe quando soube que se pai se foi: “Será que se eu ligar no celular dele, ele atende?” Nesse dia, o pequeno deu um passo em direção à realidade.

É tão simples e tão complicado.
De alguma forma, todos são imortais. Alguns são lembrados com carinho, outros não. Ainda sim são lembrados. Continuamos vivendo nas outras pessoas, em suas memórias. Continuamos vivendo nas histórias que protagonizamos, nas conquistas que fizemos e nas pessoas que amamos. Pessoas que cuidamos.

Dizer que ama alguém é mais importante do que conseguimos enxergar. Não perca tempo e nem economize palavras carinhosas. Talvez isso aproxime a satisfação e a paz quando nossos queridos estiverem de malas prontas...

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